Wellington Sversut - Bauru - Brasil

Hobbes - estado de natureza

Os homens agregam-se em sociedade instintivamente ou por necessidade?

Filosofia Política
Tema: estado de natureza
Filósofo: Thomas Hobbes (1588 – 1674)
Obra: Leviatã (1651)

Biografia

Thomas Hobbes (1588 – 1679) foi um matemático, teórico político, e filósofo inglês, autor de Leviatã (1651) e Do cidadão (1651).

Habilidade: ler de modo filosófico textos de diferentes estruturas e registros

Hobbes e o Estado de Natureza

Habilidade: ler textos filosóficos de modo significativo

Leviatã (1651)

É certo que algumas criaturas vivas, como as abelhas e as formigas, vivem em sociedade (e por isso são incluídas por Aristóteles entre as criaturas políticas), mas não são regidas senão por seus juízos e apetites particulares, não dispondo da linguagem por meio da qual uma possa indicar à outra aquilo que acredita ser vantajoso para o bem comum. Assim, talvez alguns desejem saber por que o gênero humano não pode fazer o mesmo. (...)
O acordo que se produz entre essas criaturas é natural, enquanto o acordo entre os homens é apenas pactual, ou seja, artificial; portanto, não surpreende que (além do pacto) exijam alguma coisa uns dos outros para tornar o acordo constante e duradouro – ou seja, um poder comum que os constranja e dirija as suas ações para um benefício comum. (...)
A única maneira de instituir um tal poder comum, capaz de defendê-los das invasões dos estrangeiros e das injúrias uns dos outros, garantindo-lhes assim uma segurança suficiente para que, mediante seu próprio labor e graças aos frutos da terra, possam alimentar-se e viver satisfeitos, é conferir toda sua força e poder a um homem, ou a uma assembleia de homens, que possa reduzir suas diversas vontades, por pluralidade de votos, a uma só vontade. O que equivale a dizer: designar um homem ou uma assembleia de homens como representante de suas pessoas, considerando-se e reconhecendo-se cada um como autor de todos os atos que aquele que representa sua pessoa praticar ou levar a praticar, em tudo o que disser respeito à paz e segurança comum; todos submetendo assim suas vontades à vontade do representante, e suas decisões a sua decisão. Isto é mais do que consentimento, ou concórdia, é uma verdadeira unidade de todos eles, numa só e mesma pessoa, realizada por um pacto de cada homem com todos os homens, de um modo que é como se cada homem dissesse a cada homem: Cedo e transfiro meu direito de governar-me a mim mesmo a este homem, ou a esta assembleia de homens, com a condição de transferires a ele teu direito, autorizando de maneira semelhante todas as suas ações. Feito isto, a multidão assim unida numa só pessoa se chama Estado, em latim civitas. É esta a geração daquele grande Leviatã, ou antes, (para falar em termos mais reverentes) daquele Deus Mortal, ao qual devemos, abaixo do Deus Imortal, nossa paz e defesa. Pois graças a esta autoridade que lhe é dada por cada indivíduo no Estado, é-lhe conferido o uso de tamanho poder e força que o terror assim inspirado o torna capaz de conformar as vontades de todos eles, no sentido da paz em seu próprio país, e pela ajuda mútua contra os inimigos estrangeiros. É nele que consiste a essência do Estado, a qual pode ser assim definida: Uma pessoa de cujos atos uma grande multidão, mediante pactos recíprocos uns com os outros, foi instituída por cada um como autora, de modo a ela poder usar a força e os recursos de todos, da maneira que considerar conveniente,
para assegurar a paz e a defesa comum. Aquele que é portador dessa pessoa se chama soberano, e dele se diz que possui poder soberano. Todos os restantes são súditos. Este poder soberano pode ser adquirido de duas maneiras. Uma delas é a sarça natural, como quando um homem obriga seus filhos a submeterem- se, e a submeterem seus próprios filhos, a sua autoridade, na medida em que é capaz de destruí-los em caso de recusa. Ou como quando um homem sujeita através da guerra seus inimigos a sua vontade, concedendo-lhes a vida com essa condição. A outra é quando os homens concordam entre si em submeterem-se a um homem, ou a uma assembleia de homens, voluntariamente, com a esperança de serem protegidos por ele contra todos os outros. Este último pode ser chamado um Estado Político, ou um Estado por instituição. Ao primeiro pode chamar-se um Estado por aquisição. Vou em primeiro lugar referir-me ao Estado por instituição.

Dicionário Filosófico

Contrato social (ou contratualismo) - indica uma classe abrangente de teorias que tentam explicar os caminhos que levam as pessoas a formar Estados e/ou manter a ordem social. Essa noção de contrato traz implícito que as pessoas abrem mão de certos direitos para um governo ou outra autoridade a fim de obter as vantagens da ordem social.

Estado de natureza - nesse estado, as ações dos indivíduos estariam limitadas apenas por seu poder e sua consciência. Desse ponto em comum, os proponentes das teorias do contrato social tentam explicar, cada um a seu modo, como foi do interesse racional do indivíduo abdicar da liberdade que possuiria no estado de natureza para obter os benefícios da ordem política.

Leviatã - é o livro mais famoso do filósofo inglês Thomas Hobbes, publicado em 1651. O seu título se deve ao monstro bíblico Leviatã.

Habilidade: elaborar por escrito o que foi apropriado de modo reflexivo

1 – “O homem é um animal naturalmente político”. Hobbes concorda com esta proposição de Aristóteles?
                (   ) sim                                   (   ) não
2 – Portanto, se nós não vivemos em sociedade naturalmente, qual a natureza de nosso pacto social?
3 – Conferimos todo o nosso poder para o Estado a fim de que ele nos defenda do quê?
4 – Qual a frase hipotética que o homem disse ao renunciar sua liberdade?
5 – Qual a definição de Estado, segundo Hobbes?
6 – Quem não desempenha o papel acima, é chamado de __________________________.
7 – Quais são as duas maneiras em que o poder soberano pode ser alcançado?
8 – Relacione:
                (A) Primeira maneira                             (   ) Estado por aquisição
                (B) Segunda maneira                             (   ) Estado político ou Estado por instituição
9 – ENEM - 2020
Para o autor, o surgimento do estado civil estabelece as condições para o ser humano assegurar o exercício do poder, com o resgate da sua autonomia.
(   ) aprofundar sua religiosidade, contribuindo para o fortalecimento da Igreja.
(   ) aderir à organização política, almejando o estabelecimento do despotismo.
(   ) obter a situação de paz, com a garantia legal do seu bem-estar.
(   ) internalizar os princípios morais, objetivando a satisfação da vontade individual.
10 – ENEM - 2015
Para Hobbes, antes da constituição da sociedade civil, quando dois homens desejavam o mesmo objeto, eles exerciam a solidariedade.
(   ) entravam em conflito.
(   ) recorriam aos clérigos.
(   ) apelavam aos governantes.
(   ) consultavam os anciãos.

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