Wellington Sversut - Bauru - Brasil

Nietzsche - valor

Os valores éticos são realmente valores?

Filosofia da Moral ou Ética
Tema: O valor (axiologia)
Filósofo: Nietzsche (1844 – 1900)
Obra: Além do Bem e do Mal (1886)

Biografia

Friedrich Nietzsche (1844 – 1900) foi um influente filósofo alemão do século XIX e um dos que mais influenciou o pensamento contemporâneo.

Habilidade: ler de modo filosófico textos de diferentes estruturas e registros


Telecurso 2000 - Filosofia - Os Valores

Habilidade: ler textos filosóficos de modo significativo

Além do Bem e do Mal (1886)

Vagando entre as mais refinadas e as mais toscas morais que reinaram ou ainda reinam sobre a Terra, encontrei regularmente certos traços recorrentes e ligados entre si; até que por fim dois tipos básicos a mim se revelaram e uma diferença radical se mostrou.
Existe uma moral dos senhores e uma moral dos escravos; acrescento imediatamente que em todas as culturas superiores e mais mistas também se manifestam tentativas de mediação entre as duas morais e, ainda mais frequentemente, a confusão e o desentendimento entre as duas, e até o seu duro paralelismo, inclusive no mesmo indivíduo, no interior da mesma alma.
As diferenciações morais de valores nasceram ou sob uma espécie dominante que, com satisfação, tomava consciência das próprias diferenças em relação aos súditos, ou sob os súditos, os escravos e os submetidos de todos os graus. No primeiro caso, quando são os dominadores a determinar o conceito de bom, são aceitos como distintivos e determinantes os estados elevados e nobres da alma. O homem nobre afasta de si as criaturas nas quais se manifesta o contrário de tais estados elevados e nobres: ele as despreza.
Deve-se logo notar que nessa primeira moral o contraste bom e não bom significa nobre e desprezível: o contraste bom e ruim tem uma outra origem. Despreza-se o vil, o medroso, o mesquinho, aquele que pensa na sua estreita utilidade; o mesmo vale para o desconfiado, com o seu olhar não franco, aquele que se humilha sozinho, a espécie dos seres-humanos-cães que se deixa maltratar, o mendigo adulador, principalmente o mentiroso: a fé basilar de todos os aristocráticos é que o povo vil mente. Nós, os verdadeiros, assim se denominavam os nobres na antiga Grécia.
É sabido que as definições de valor moral foram por toda parte atribuídas inicialmente aos seres humanos e só depois desviadas para as ações; motivo pelo qual é um grave erro que os historiadores da moral comecem com questões como: por que foi louvada a ação compassiva?
A espécie dos homens nobres vê a si mesma como determinante de valores: não necessita se fazer se fazer chamar de boa, ela pensa que o que me prejudica é de per si prejudicial, ela sabe ser o elemento que confere às coisas o seu valor primeiro, é criadora de valores. Dignifica tudo o que conhece de si; semelhante moral é autoglorificação.
Sobre esse fundo está a sensação de plenitude, de poder que quer transbordar, a felicidade da máxima tensão, a consciência de uma riqueza que gostaria de doar e restituir: o nobre também ajuda o infeliz, nunca ou quase nunca por compaixão, mas antes por um impulso gerado pela superabundância de poder...
Diferente é a situação do segundo tipo de moral, a moral dos escravos. Posto que os violentados, os oprimidos, os sofredores, os prisioneiros, os inseguros de si mesmo e os exaustos façam moral: qual será o elemento comum das suas avaliações morais? Provavelmente será a expressão de uma suspeita pessimista em relação à condição humana inteira, talvez uma condenação do ser humano e da sua situação. O olhar dos escravos não é favorável às virtudes dos poderosos: é cético e desconfiado, tem uma sutil desconfiança de todo bem que é venerado no mundo dos potentes, e gostaria de convencer-se de que ali nem mesmo a felicidade é autêntica.
Ao contrário, são colocadas em evidência e iluminadas as características que servem para facilitar a existência dos sofredores: eis que são exaltados a compaixão, a mão complacente e disposta a ajudar, o coração quente, a paciência, a laboriosidade, a humildade, a cordialidade; posto que neste caso são as características mais úteis e quase o único remédio para suportar a opressão da existência.
A moral dos escravos é essencialmente uma moral utilitária. Aqui está o foco dos famosos contrários, bom e ruim: no mal se sente o poder e a periculosidade, certo apavoramento, sutileza e força que não permitem ao desprezo aflorar. 

Dicionário Filosófico

Axiologia – (valor, digno de ser estimado + estudo, tratado) é o ramo da filosofia que estuda os valores morais.

Valor – é o fundamento da moral, das normas e regras que prescrevem a conduta correta. Significa o caráter do homem.

Vontade de Potência – na filosofia de Nietzsche princípio afirmativo da vida.

Além do homem – é aquele que aceita a morte de Deus; conduz a sua existência com espírito dionisíaco; supera a angústia do passar do tempo vivendo uma vida sob a insígnia do eterno retorno; coloca-se, em relação ao mundo, numa postura de vontade de potência – ou seja, não se deixa determinar por qualquer objetividade, mas atribui aos objetos o significado que mais lhe agradar.

Habilidade: elaborar por escrito o que foi apropriado de modo reflexivo

1 – Quais são os dois modelos morais básicos que Nietzsche encontrou?
2 – Quando a moral dos dominadores determina o conceito de bom o homem atinge os estados ____________ __ ______________ ___ ________________.
3 – Este homem _______________ (aceita/despreza) o contrário de tais estados.
4 – Quem são os homens desprezíveis?
(  ) o adulador  
(  ) o mentiroso  
(  ) o medroso  
(  ) o desconfiado  
(  ) o mesquinho  
(  ) todas as alternativas
5 – “Nós, os verdadeiros, denominavam-se os nobres na antiga Grécia”. Qual filme mostra este tipo de moral?
      (   ) Gladiador                                (   ) O Último Samurai                       (   ) 300
6 – O Homem nobre:
      (   ) segue valores já estabelecidos                           (   ) cria novos valores
7 – O que é axiologia?
8 – Quais são as características da moral dos escravos (dos sofredores)?
(  ) a insegurança com si mesmo 
(  ) a compaixão 
(  ) a paciência  
(  ) a humildade  
(  ) a cordialidade   
(  ) todas as alternativas
9 – Crie um epíteto valorativo para você.

Nenhum comentário:

Postar um comentário