Wellington Sversut - Bauru - Brasil

Geertz - cultura / antropologia

Como o homem se tornou um ser humano?

Filosofia política
Tema: a cultura / a antropologia
Filósofo: Geertz, C.. (1926 – 2006)
Obra: A Interpretação das Culturas (1973)

Biografia

Geertz, C. (1926 – 2006) - foi um antropólogo estadunidense, professor emérito da Universidade de Princeton. Seu trabalho se destacou pela análise da prática simbólica no fato antropológico.

Habilidade:
ler de modo filosófico textos de diferentes estruturas e registros

Filme "A Guerra do Fogo"

Habilidade: ler textos filosóficos de modo significativo

A Interpretação das Culturas (1993)
Capítulo II – O Impacto do Conceito de Cultura sobre o Conceito de Homem

Na perspectiva atual, a evolução do Homo sapiens — o homem moderno, surgiu definitivamente há cerca de quatro milhões de anos, com o aparecimento do Australopitecíneos — os assim chamados homens-macacos da África do Sul e Oriental — e culminou com a emergência do próprio sapiens, há apenas uns duzentos ou trezentos mil anos. Assim, como por menos formas elementares de atividade cultural ou, se desejam, protocultural (a feitura de ferramentas simples, a caça e assim por diante) parecem ter estado presentes entre alguns dos Australopitecíneos, há então uma superposição de mais de um milhão de anos entre o início da cultura e o aparecimento do homem como hoje o conhecemos. As datas precisas — que são apenas tentativas e que pesquisas futuras podem alterar para mais ou menos — não são importantes; o que é importante é ter havido uma superposição, e ela ter sido muito extensa. As fases finais (finais até hoje, pelo menos) da história filogenética do homem tiveram lugar na mesma era geológica grandiosa — a chamada Era Glacial — das fases iniciais da sua história cultural. (...)
Isso significa que a cultura, em vez de ser acrescentada, por assim dizer, a um animal acabado ou virtualmente acabado, foi um ingrediente, e um ingrediente essencial, na produção desse mesmo animal. O crescimento lento, constante, quase glacial da cultura através da Era Glacial alterou o equilíbrio das pressões seletivas para o Homo em evolução, de forma tal a desempenhar o principal papel orientador em sua evolução. O aperfeiçoamento das ferramentas, a adoção da caça organizada e as práticas de reunião, o início da verdadeira organização familiar, a descoberta do fogo e, o mais importante, embora seja ainda muito difícil identificá-la em detalhe, o apoio cada vez maior sobre os sistemas de símbolos significantes (linguagem, arte, mito, ritual) para a orientação, a comunicação e o autocontrole, tudo isso criou para o homem um novo ambiente ao qual ele foi obrigado a adaptar se. À medida que a cultura, num passo a passo infinitesimal, acumulou-se e se desenvolveu, foi concedida uma vantagem seletiva àqueles indivíduos da população mais capazes de levar vantagem — o caçador mais capaz, o colhedor mais persistente, o melhor ferramenteiro, o líder de mais recursos — até que o que havia sido o Australopiteco proto-humano, de cérebro pequeno, tornou-se o Homo sapiens, de cérebro grande, totalmente humano. Entre o padrão cultural, o corpo e o cérebro foi criado um sistema de realimentação (feedback) positiva, no qual cada um modelava o progresso do outro, um sistema no qual a interação entre o uso crescente das ferramentas, a mudança da anatomia da mão e a representação expandida do polegar no córtex é apenas um dos exemplos mais gráficos. Submetendo- se ao governo de programas simbolicamente mediados para a produção de artefatos, organizando a vida social ou expressando emoções, o homem determinou, embora inconscientemente, os estágios culminantes do seu próprio destino biológico. Literalmente, embora inadvertidamente, ele próprio se criou. Conforme mencionei, apesar de terem ocorrido algumas mudanças importantes na anatomia bruta do gênero Homo durante esse período de sua cristalização — na forma do crânio, na dentição, no tamanho do polegar, e assim por diante — as mudanças muito mais importantes e dramáticas foram as que tiveram lugar, evidentemente, no sistema nervoso central. Esse foi o período em que o cérebro humano, principalmente sua parte anterior, alcançou as pesadas proporções atuais. (...) O que separa, aparentemente, os verdadeiros homens dos proto-homens não é, aparentemente, a forma corpórea total, mas a complexidade da organização nervosa. O período superposto de mudança cultural e biológica parece ter consistido numa intensa concentração do desenvolvimento neural e talvez, associados a ela, o refinamento de comportamentos diversos — das mãos, da locomoção bípede, etc. — para as quais os fundamentos anatômicos básicos — ombros e pulsos móveis, um ílio alargado, etc. —já haviam sido antecipados.

Dicionário Filosófico

Antropologia cultural - é uma das quatro áreas da antropologia geral, junto com a antropologia biológica), a arqueologia e a linguística. A Antropologia Cultural estuda a diversidade cultural humana, tanto de grupos contemporâneos, como extintos.

Habilidade: elaborar por escrito o que foi apropriado de modo reflexivo

1 – Pesquise e insira uma imagem do crânio de um “Australopitecíneo”.
2 – Pesquise e insira uma imagem do crânio de um “Homo Sapiens”.
3 - A principal característica do homem moderno, comparado aos seus ancestrais, é o cérebro bem desenvolvido. De fato, o aumento do volume craniano durante o processo evolutivo da espécie humana é notável. Faça a relação entre as colunas em referência ao volume do crânio.
(A) Australopitecíneo
(B) Homo Sapiens
(   ) 450 cm³
(   ) 1.350 cm³
4 – Geertz diz no texto que entre o Australopitecíneo e o Homo Sapiens houve uma superposição muito extensa no tempo. Faça a relação correta:
A) Australopitecíneo
B) Homo Sapiens
( ) Cultura (linguagem, arte, mito, ritual)
( ) Protocultura (ferramenta simples, caça)
5 – Com a Era Glacial tivemos, para os homens, o fim de sua história filogenética e o início de sua história cultural. De acordo com o texto a cultura foi o ingrediente deste processo que aconteceu de forma:
( ) lenta, constante, gradual, essencial na formação do homem
( ) rápida, inconstante, abrupta, acidental na formação do homem
6 – Das alternativas abaixo assinale a única que NÃO faz parte do rol do papel cultural como orientador na evolução humana em seu início:
( ) o aperfeiçoamento das ferramentas;
( ) a caça organizada;
( ) o início da organização familiar;
( ) a descoberta do fogo;
( ) o sistemas de símbolos (linguagem, arte, ritual)
( ) o uso da pólvora
7 – “À medida que a cultura, num passo a passo infinitesimal, acumulou-se e se desenvolveu, foi concedida uma vantagem seletiva àqueles indivíduos da população mais capazes de levar vantagem — o caçador mais capaz, o colhedor mais persistente, o melhor ferramenteiro, o líder de mais recursos.” Este trecho evidencia qual moderno conceito científico?
( ) O Criacionismo ( ) O Evolucionismo ( ) A Panspermia
8 – De acordo com Geertz ocorreram “algumas mudanças importantes na anatomia bruta do gênero Homo durante esse período de sua cristalização — na forma do crânio, na dentição, no tamanho do polegar, e assim por diante”. Porém, as mudanças muito mais importantes e dramáticas foram as que tiveram lugar...
( ) no sistema nervoso central ( ) no sistema digestivo ( ) no sistema sanguíneo
9 – Portanto, “o que separa, aparentemente, os verdadeiros homens dos proto-homens não é, aparentemente, a forma corpórea total, mas...
( ) a complexidade da organização nervosa
( ) a complexidade da organização digestiva
( ) a complexidade da organização sanguínea
10 – O desenvolvimento do homem ocorrido de acordo com as respostas das questões 7 e 8 acima, trouxe como efeito:
( ) o refinamento de comportamentos diversas
( ) o deterioramento de comportamentos diversos
( ) o agravamento de comportamentos diversos
( ) o embrutecimento de comportamentos diversos
11 – Clique no hiperlink para atividade extra sobre o filme “A Guerra do Fogo”.

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