Se Deus criou o mundo, criou também o mal?
Filosofia da Moral ou Ética
Tema: o bem e o mal
Filósofo: Agostinho (354 – 430)
Obra: As Confissões (397)
Biografia
Fausto - Goethe / Murnau
Nelson Cavaquinho - Juízo Final
Habilidade: ler textos filosóficos de modo significativo
As Confissões (397)
As Confissões (397)
Assim
eu concebia a tua criação, finita e plena do infinito que tu és. Dizia: eis
Deus, e eis as criaturas de Deus. Deus é bom, poderosamente e amplamente
superior a elas. Mas sendo bom criou coisas boas que ele envolve e preenche.
Então onde está o mal, de onde veio e por onde penetrou? Qual é a sua raiz,
qual é a sua semente?
Ou
absolutamente não existe? Então, por que temer e evitar uma coisa inexistente?
Se o tememos sem motivo, é certamente mal o próprio temor, que punge e
atormenta em vão o nosso coração, e um mal mais grave, porque não há nada a
temer e, no entanto, tememos. Portanto, ou existe um mal, objeto do nosso
temor, ou o mal é o nosso próprio temor. Mas de onde provém o mal, se Deus, que
é bom, fez todas as coisas boas?
Certamente
Ele é o bem maior, o Bem supremo, e não tão boas são as coisas que ele fez; no
entanto, tanto o criador quanto as criaturas são o bem. De onde vem então o
mal? Talvez daquilo que usou para fazer a matéria, porque nela estava o mal, e
Deus, ao dar-lhe uma forma e uma ordem, deixou algumas partes que não
transformou em bem.
Mas,
mesmo isso, por quê? Era talvez incapaz o Onipotente de convertê-la e
transformá-la por inteiro, de modo que não restasse nada do mal? Enfim, por que
quis obter algo daquela matéria e não usou a sua onipotência para de todo
aniquilá-la? Ou talvez a matéria pudesse existir sem o seu querer? Ou, se a
matéria era eterna, por que a deixou subsistir tão longamente nesse estado,
durante os infinitos séculos transcorridos, e depois de tanto tempo decidiu
fazer com ela alguma coisa?
Ou
ainda, se sentiu o desejo de agir, por que não preferiu agir no sentido de
aniquilar a matéria, restando apenas Ele, bem integralmente verdadeiro,
supremo, infinito? Ou, se não era bem-feita, não deveria ter eliminado e
aniquilado a matéria ruim, para produzir desde o início uma boa, a partir da
qual extrair todas as coisas? Que onipotência, de fato, era a sua, se não podia
criar nenhum bem sem a ajuda de uma matéria não criada por ele? Eu ruminava
esses pensamentos em meu coração repleto das angústias mais pungentes, frutos
do temor da morte e da não descoberta da verdade.
Dicionário Filosófico
Bem e mal – refere-se a avaliação de
objetos, desejos e comportamentos através de um espectro dualístico,
onde numa dada direção estão aqueles aspectos considerados moralmente positivos
e na outra, os moralmente negativos. O bem é por vezes visto como algo
que implica a reverência pela vida, continuidade, felicidade ou desenvolvimento
humano, enquanto o mal é considerado o recipiente dos contrários.
Habilidade: elaborar por escrito o que foi apropriado de modo reflexivo
1
– Se Deus existe e é bom, qual é a origem do mal?
Primeira hipótese:
Ou existe um mal, objeto do
nosso temor; ou o mal é o nosso próprio temor.
Segunda hipótese:
O mal estava na matéria que Deus
usou quando criou o mundo.
Agostinho aceita estas duas hipóteses?
( ) sim ( ) não
2
– Para Agostinho o mal não existe, é ausência, é puro não-ser.
( ) verdadeiro ( ) falso
3
– Analogamente, a escuridão existe ou é somente a ausência da luz?
( ) existe ( ) não existe
4
– No filme Homem Aranha (3), Peter Parker tem que lidar com o sentimento de vingança e passa a usar um
estranho uniforme negro, que se adapta ao seu corpo, mal sabe ele que esse uniforme na verdade é um
simbionte, que se aproveitou da raiva que sentia pelo Homem-Areia, e possuiu
seu traje, dando a ele uma maneira mais perversa de combater o crime.
Neste sentido, o Homem Aranha:
( ) tornou-se mal
( ) somente deixou de praticar o bem
Nenhum comentário:
Postar um comentário