Wellington Sversut - Bauru - Brasil

Pascal - tédio / divertimento

Que conduta revela mais plenamente a natureza humana? 

Filosofia da Moral ou Ética

Temas: o tédio / o divertimento
Filósofo: Pascal (1623 – 1662)
Obra: Pensamentos (1670, póstuma)

Biografia

Pascal (1623 – 1662) - foi um matemáticoescritorfísicoinventorfilósofo e teólogo católico francês. Prodígio, Pascal foi educado por seu pai. Os primeiros trabalhos de Pascal dizem respeito às ciências naturais e ciências aplicadas. Contribuiu significativamente para o estudo dos fluidos. Ele esclareceu os conceitos de pressão atmosférica e vácuo, estendendo o trabalho de Evangelista Torricelli. Pascal escreveu textos importantes sobre o método científico.

Habilidade: ler de modo filosófico textos de diferentes estruturas e registros

Biquíni Cavadão - Tédio

Habilidade: ler textos filosóficos de modo significativo 

Pensamentos (1670, póstumo)

Tédio

Nada é mais insuportável para o homem do que ficar em descanso absoluto, sem paixões, sem nada para fazer, sem divertimentos, sem uma ocupação. É então que ele percebe a sua nulidade, o seu abandono, a sua insuficiência, a sua dependência, a sua impotência, o seu vazio. Logo brotarão do fundo da sua alma o tédio, a melancolia, a tristeza, a aflição, o ressentimento, o desespero.

Divertimento

Quando, às vezes, me pus a considerar as diversas agitações dos homens, e os perigos e os castigos a que eles se expõem, na corte e na guerra, originando tantas contendas, tantas paixões, tantos cometimentos audazes, e muitas vezes funestos, descobri que toda a felicidade dos homens vem de uma só coisa, que é não saberem ficar quietos dentro de um quarto. O homem que tem suficientes bens para viver, se soubesse ficar em casa com prazer, não sairia dela para ir ao mar ou ao cerco de uma praça. Não se pagaria tão caro um posto no exército, se não se achasse insuportável não sair da cidade; e só se procuram as conversas e os passatempos dos jogos porque não se sabe ficar em casa com prazer. 
Mas quando pensei mais de perto no assunto, e quando, depois de haver encontrado a causa de todas as nossas infelicidades, quis descobrir-lhes a razão, achei que há uma muito efetiva, que consiste na infelicidade natural de nossa condição fraca e mortal, e tão miserável, que nada nos pode consolar, quando nela pensamos de perto. Seja qual for a condição que imaginemos, pela reunião de todos os bens que podem pertencer-nos, vemos que a realeza é o mais belo posto do mundo. Imaginemos, entretanto, um rei acompanhado de todas as satisfações que dela decorrem, mas sem divertimentos; que considere e reflita sobre o que é, e essa felicidade enlanguescente não se sustentará mais. Acabará forçosamente percebendo as coisas que o ameaçam, as revoltas que podem surgir, e, enfim, a morte e as moléstias inevitáveis. De maneira que, se ficar sem aquilo que se chama divertimento, ei-lo infeliz, [mais] infeliz que o mais ínfimo de seus súditos, que goza e se diverte.
Daí vem que o jogo e a conversa das mulheres, as guerras, os grandes empregos sejam tão procurados. Não que haja efetivamente felicidade nisso, nem que se imagine que a verdadeira beatitude consista em se ter o dinheiro que se pode ganhar no jogo, ou na lebre que se persegue: nada disso nos interessaria se nos fosse oferecido. Não é essa vida mole e tranquila, que nos deixa tempo para pensar na nossa infeliz condição, que procuramos; como não são os perigos da guerra, nem os aborrecimentos dos empregos; é o ruído, que nos desvia de pensar na nossa condição e nos diverte. (...)
O homem é apenas um caniço, o mais fraco da natureza; mas é um caniço pensante. Não é preciso que o universo inteiro se arme para esmagá-lo: um vapor, uma gota de água, são suficientes para matá-lo. Mas, mesmo que o universo o esmagasse, o homem seria ainda mais nobre do que o que o mata, porque ele sabe que morre, e conhece a vantagem que o universo tem sobre ele; e disso o universo nada sabe. Toda a nossa dignidade consiste, pois, no pensamento. É a partir dele que nos devemos elevar e não do espaço e da duração, que não saberíamos ocupar.

Dicionário Filosófico

Tédio - Trata-se de uma avaliação pessimista sobre a realidade, a vivência pessoal de que a vida precisa de sentido e de que não há nada que se pode fazer.

Divertimento - é o conjunto de ocupações, muitas vezes honrosas e de algum modo divertidas, que o individuo realiza para preencher a sua vida e a sua mente, e não ter de enfrentar os angustiosos problemas da existência, a morte e a miséria humana.

Habilidade: elaborar por escrito o que foi apropriado de modo reflexivo

1 - De acordo com o texto quais são os cinco modos de vida que seriam insuportável ao homem?
2 - Se vivermos como a resposta acima quais são os seis aspectos que perceberemos em nossa existência?
3 - Quais os seis possíveis efeitos que brotarão de um tal modo de vida?
4 - Qual foi a descoberta de Pascal quando pensou (refletiu) sobre as diversas agitações dos homens?
(   ) que a felicidade do homem é ficar quieto dentro de um quarto entediado
(   ) que a felicidade do homem é viver prazerosamente mesmo em casa
5 - Esta vida feliz só se consegue através do:
(   ) silêncio             (   ) pensamento             (   ) divertimento             (   ) martírio
6 - O que é que desvia nosso pensamento e nos impede de ficar refletindo sobre nossa condição de vida?
(   ) o ruído     (   ) o perigo da guerra     (   ) o aborrecimento do emprego    (   ) a conversa das mulheres
7 - Qual é a característica principal do homem e que é sua dignidade maior?
(   ) é um ser sensorial     (   ) é um ser emocional     (   ) é um ser pensante     (   ) é um ser espiritual

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