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Borgmann – consumo / tecnologia

Como a tecnologia influencia a vida contemporânea?

Filosofia Política
Temas: o consumo / a tecnologia
Filósofo: Borgmann, A. (1937 - 2023)
Obra: Technology and the Character of Contemporary Life (1984)

Biografia

Borgmann, A. (1937 – 2023), foi um filósofo americano nascido na Alemanha, especializado em filosofia da tecnologia.

Habilidade: ler de modo filosófico textos de diferentes estruturas e registros

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Habilidade: ler textos filosóficos de modo significativo

A Technology and the Character of Contemporary Life (1984)

Uma forma de tornar disponíveis os produtos é torná-los descartáveis. Não é apenas desnecessário, mas impossível manter e reparar guardanapos de papel, latas de conserva, canetas esferográficas ou qualquer outro produto destinado a ser usado uma vez. Outro modo da disponibilidade é tornar desnecessário o cuidado dos produtos. Os talheres de aço inoxidável não requerem polimento, os pratos de plástico não precisam ser manipulados com cuidado. Em outros casos, a manutenção e a reparação tornam-se impossíveis por causa da sofisticação do produto. (...) os microcomputadores estão sendo usados cada vez mais porque vão se tornando “amigáveis”, isto é, fáceis de operar e compreender. Mas esse caráter “amigável” é precisamente o sinal do quanto se tem tornado grande o hiato entre a função acessível a todos e a maquinaria conhecida por quase ninguém. (p. 47).
O universo da propaganda é inteiramente um universo de produtos e consumo. Ela destila o aspecto frontal da tecnologia em forma ideal e assim apresenta o lado técnico e distintivo da nossa época. Deste modo, ela superou a arte como a apresentação arquetípica daquilo de que trata a nossa época. Na propaganda, a promessa da tecnologia é apresentada ao mesmo tempo em pureza e concretamente, e, portanto, da maneira mais atraente. Problemas e ameaças entram apenas como pano de fundo para destacar as benções da tecnologia. Assim, nos encontramos definidos arquetipicamente nas propagandas. Elas fornecem uma força estabilizadora e orientadora na complexidade da sociedade tecnológica ainda em desenvolvimento. (p. 55)
A palavra latina focus significa a lareira, o lugar do fogo (...) numa casa pré-tecnológica, a lareira constituía um centro de calor, de luz, de práticas diárias. Para os romanos, o focus era sagrado, o lugar onde residiam os deuses do lar. Na Grécia antiga, um bebê era verdadeiramente incorporado à família e à casa quando era transportado em torno da lareira e colocado diante dela. A união de um matrimônio romano era santificada na lareira. E ao menos nas épocas primitivas, os mortos eram enterrados junto à lareira. A família comia junto à lareira e fazia sacrifícios aos deuses do lar antes e depois da comida. A lareira sustentava, ordenava e centrava a casa e a família. (...) Hoje a lareira amiúde tem uma localização central na casa. Seu fogo é agora simbólico, dado que raramente fornece suficiente calor. Mas a irradiação, os sons e a fragrância do fogo vivo consumindo lenhas que são quebradas, amontoadas e sentidas nas suas veias têm retido a sua força. Não há mais imagens dos deuses ancestrais situadas junto ao fogo, mas há amiúde fotografias de entes queridos sobre a lareira, coisas preciosas da história da família, ou um relógio, medindo o tempo (p. 196).
Quando olhamos tecnologicamente para uma lareira pré-tecnológica, separamos da plenitude dos seus traços a função de fornecer calor como a única e finalmente significativa. Todos os outros traços são considerados então como parte da maquinaria e, estando sujeitos à lei da eficiência, tornam-se dependentes e indefinidamente mutáveis. A visão tecnológica de uma comida revela um agregado de sabores, texturas e caraterísticas nutritivas. Só elas retêm significação estável. (...) Analogamente, quando olhamos para uma árvore vemos certa quantidade de madeira ou fibra de celulose; os espinhos, os ramos, a cortiça e as raízes são resíduos. Uma rocha é cinco por cento de metal e o resto é lixo. Um animal é visto como uma máquina que produz uma quantidade de carne. Qualquer uma das suas funções que não serve para esse propósito é indiferente ou incômoda. (p. 192)

Dicionário Filosófico

Consumo – é o ato de utilizar um produto ou serviço para satisfazer uma necessidade pessoal ou de um grupo.

Tecnologia – é a aplicação de conhecimentos científicos e empíricos para criar ferramentas, métodos e técnicas que visam resolver problemas e melhorar a vida das pessoas.

Habilidade: elaborar por escrito o que foi apropriado de modo reflexivo

1 – De acordo com o autor, quando usamos os produtos (mercadorias), qual seria a melhor forma de torná-los disponíveis?
_____________________ (uma palavra)
2 – Quais são exemplos que Borgmann cita?
3 – No segundo parágrafo, qual é o universo da propaganda?
( ) produtos e consumo ( ) técnica e imagem ( ) satisfação do cliente
4 – O que a propaganda não mostra (somente como pano de fundo) sobre os produtos?
( ) os problemas e ameaças ( ) os benefícios e vantagens ( ) a felicidade e o bem-estar
5 – No terceiro parágrafo, encontramos o significado da palavra latina focus (local do fogo), qual é este significado?
( ) a lareira ( ) o fogão ( ) o incinerador
6 – Em sua casa o que há hoje neste local sagrado (para os romanos)?
( ) uma estante ( ) a televisão ( ) o home theater ( ) outro __________


7 – No último parágrafo o autor nos oferece os exemplos da comida, da árvore, da rocha e do animal. Que tipo de análise é esta?
( ) utilitarista ( ) universalista ( ) totalitarista ( ) abrangente
8 – Faça uma pesquisa em sua casa. Quantos relógios existem? Pesquise em todos os aparelhos que marcam as horas (micro-ondas, DVD, computador, smartphone, aparelho de som, etc).
9 – Qual é, em sua opinião, o exemplo de tecnologia que é a característica principal de nossa vida contemporânea (tendo em vista que o autor escreveu o texto em 1984 e já passamos quase meio século da publicação)?

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