Wellington Sversut - Bauru - Brasil

Kant - imperativo categórico

O que é uma lei moral?

Filosofia da Moral ou Ética
Temas: imperativo categórico / autonomia
Filósofo: Kant (1724 – 1804)
Obra: Fundamentação da Metafísica dos Costumes (1785)

Biografia

Immanuel Kant (1724 – 1804) foi um filósofo alemão, geralmente considerado como o último grande filósofo dos princípios da era moderna, indiscutivelmente um dos seus pensadores mais influentes.

Habilidade: ler de modo filosófico textos de diferentes estruturas e registro

Kant - O Imperativo Categórico

Habilidade: ler textos filosóficos de modo significativo

Fundamentação da Metafísica dos Costumes (1785)

Tudo na natureza age segundo leis. Só um ser racional tem a capacidade de agir segundo a representação das leis, isto é, segundo princípios, ou: só ele tem uma vontade. Como para derivar as ações das leis é necessária a razão, a vontade não é outra coisa senão razão prática. Se a razão determina infalivelmente a vontade, as ações de um tal ser, que são conhecidas como objetivamente necessárias, são também subjetivamente necessárias, isto é, a vontade é a faculdade de escolher só aquilo que a razão, independentemente da inclinação, reconhece como praticamente necessário, quer dizer, como bom. Mas se a razão só por si não determina suficientemente à vontade, se esta está ainda sujeita as condições subjetivas (a certos móbiles) que não coincidem sempre com as objetivas; numa palavra, se a vontade não em si plenamente conforme à razão (como acontece realmente entre os homens), então as ações, que objetivamente são reconhecidas como necessárias, são subjetivamente contingentes, e a determinação de uma tal vontade, conforme a leis objetivas, é obrigação; quer dizer, a relação das leis objetivas para uma vontade de um ser racional por princípios da razão, sim, princípios esses porém a que esta vontade, pela sua natureza, não obedece necessariamente.  
Todos os imperativos se exprimem pelo verbo dever, e mostram assim a relação de uma lei objetiva da razão para uma vontade que segundo a sua constituição subjetiva não é por ela necessariamente determinada (uma obrigação).
Ora, todos os imperativos ordenam ou hipoteticamente ou categoricamente. Os hipotéticos representam a necessidade prática de uma ação possível como meio de alcançar qualquer outra coisa que se quer (ou que é possível que se queira). O imperativo categórico seria aquele que nos representasse uma ação como objetivamente necessária por si mesma, sem relação com qualquer outra finalidade.
Como toda lei prática representa uma ação possível como boa e por isso como necessária para um sujeito praticamente determinável pela razão, todos os imperativos são fórmulas da determinação da ação que é necessária segundo o princípio de uma vontade boa de qualquer maneira. No caso de a ação ser apenas boa como meio para qualquer outra coisa, o imperativo é hipotético; se a ação é representada como boa em si, por conseguinte, como necessária numa vontade em si conforme a razão como princípio dessa vontade, então o imperativo é categórico. (...)
Há, no entanto, uma finalidade da qual se pode dizer que todos os seres racionais a perseguem realmente (enquanto lhes convêm imperativos, isto é, como seres dependentes) e, portanto, uma intenção que não só eles podem ter, mas de que se deve admitir que a tenha na generalidade por uma necessidade natural. Esta finalidade é a felicidade. (...)
O querer segundo estes (...) princípios diferentes distingue-se também claramente da obrigação imposta à vontade. Para tornar bem marcada esta diferença, creio que o mais conveniente seria denominar estes princípios por sua ordem, dizendo: ou são regras da destreza, ou conselhos da prudência, ou mandamentos (leis) da moralidade. Pois só a lei traz consigo o conceito de uma necessidade incondicionada, objetiva e consequentemente de validade geral, a mandamentos são leis a que tem de se obedecer, quer dizer que se tem de seguir mesmo contra a inclinação. O conselho contém, na verdade, uma necessidade, mas que só pode valer sob a condição subjetiva e contingente de este ou aquele homem considerar isto ou aquilo como contando para a sua felicidade; enquanto que o imperativo categórico, pelo contrário, não é limitado por nenhuma condição e se pode chamar propriamente um mandamento, absolutamente, posto que praticamente, necessário. (...)
O imperativo categórico é, portanto só um único, que é este: Age apenas segundo uma máxima tal que possas ao mesmo tempo querer que ela se torne lei universal. (...)
Chamarei, pois, a este princípio, princípio da Autonomia da vontade, por oposição a qualquer outro que por isso atribuo à Heteronomia.

Dicionário Filosófico

Imperativo Categórico – Princípio ético formal da razão prática, absoluto e necessário, fundamento último da ação moral.

Autonomia – É a capacidade de determinar-se segundo leis que a própria razão estabelece.

Vontade – É a faculdade de agir mediante representações racionais, chamadas regras objetivas ou leis práticas. Disposição para agir. Exercício da atividade pessoal e consciente que resulta de um desejo e se concretiza na intenção de se obter um fim ou propósito determinado..

Boa Vontade – Segundo Kant é o conceito fundamental da moral: consiste em escolher aquilo que a razão reconhece como bom, independentemente de sua inclinação, submetendo-se assim ao imperativo categórico do dever. Ela é determinada objetivamente pela lei moral e, subjetivamente, pelo respeito a essa lei.

Habilidade: elaborar por escrito o que foi apropriado de modo reflexivo

1 – Só um ser racional tem a capacidade de representar as leis. Para esta representação o homem precisa da:
      (   ) sensação                                          (   ) razão
2 – A vontade é uma:
      (   ) razão pura                                        (   ) razão prática
3 – A razão consegue determinar totalmente nossa vontade?
      (   ) sim                                                    (   ) não
4 – Para obrigar nossa vontade em seguir uma Lei, precisamos de um mandamento chamado:
      (   ) facultativo                                          (   ) imperativo
5 – Qual o verbo que exprime todos os imperativos?
6 – Relacione:
      (A) Imperativo Categórico                        (   ) possível, contingente
      (B) Imperativo Hipotético                         (   ) determinado, necessário
7 – Relacione:
      (A) Imperativo Categórico                        (   ) ação boa em si mesma                             
      (B) Imperativo Hipotético                         (   ) ação boa como meio para qualquer outra coisa
8 – Qual é a finalidade que todos os seres racionais perseguem?
9 – Qual dos princípios abaixo é uma obrigação imposta à vontade:
       (   ) regras da destreza        (   ) conselhos da prudência        (   ) mandamentos (leis) da moralidade
10 – Como podemos exprimir o imperativo categórico universal?
11 – Quais dos exemplos abaixo é um imperativo categórico moral?
        (   ) devo dizer a verdade em todas as situações
        (   ) sempre devo ceder meu lugar no ônibus para as mulheres e idosos
        (   ) devo, em qualquer situação, jogar o lixo no local adequado
        (   ) todas as alternativas estão corretas
12 – O homem somente será livre quando?
        (   ) seguir sua vontade        (   ) seguir o imperativo categórico moral
13 – Quando a vontade pura só se determina em virtude de sua própria lei, conformado ao dever ditado pela razão prática, o homem torna-se:
         (   ) heterônomo                 (   ) autônomo
14 - (UEL-2004) “Quando a vontade é autônoma, ela pode ser vista como outorgando a si mesma a lei, pois, querendo o imperativo categórico, ela é puramente racional e não dependente de qualquer desejo ou inclinação exterior à razão. [...] Na medida em que sou autônomo, legislo para mim mesmo exatamente a mesma lei que todo outro ser racional autônomo legisla para si.” (WALKER, Ralph. Kant: Kant e a lei moral. Trad. de Oswaldo Giacóia Júnior. São Paulo: Unesp, 1999. p. 41.)
Com base no texto e nos conhecimentos sobre autonomia em Kant, considere as seguintes afirmativas:
I. A vontade autônoma, ao seguir sua própria lei, segue a razão pura prática.
II. Segundo o princípio da autonomia, as máximas escolhidas devem ser apenas aquelas que se podem querer como lei universal.
III. Seguir os seus próprios desejos e paixões é agir de modo autônomo.
IV. A autonomia compreende toda escolha racional, inclusive a escolha dos meios para atingir o objeto do desejo.
Estão corretas apenas as afirmativas:
a) I e II.
b) I e IV.
c) III e IV.
d) I, II e III.
e) II, III e IV.

Nenhum comentário:

Postar um comentário