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Aristóteles - virtudes

Como podemos definir o caráter ético de uma ação?

Filosofia da Moral ou Ética
Tema: as virtudes
Filósofo: Aristóteles (384 – 324 a.C.)
Obra: Ética a Nicômaco

Biografia

Aristóteles (384 – 322 a.C.). Filósofo grego, aluno de Platão e professor de Alexandre, o Grande, é considerado um dos maiores pensadores de todos os tempos e criador do pensamento lógico.

Habilidade: ler de modo filosófico textos de diferentes estruturas e registros

"Reparai: (...) entre o semeador e o que semeia há muita diferença: (...) o semeador e o pregador é o nome; o que semeia e o que prega é a ação; e as ações são as que dão o ser ao pregador. Ter o nome de pregador, ou ser pregador de nome, não importa nada; as ações, a vida, o exemplo, as obras, são as que convertem o mundo. (...) hoje pregam-se palavras e pensamentos, antigamente pregavam-se palavras e obras. Palavras sem obras são tiros sem balas; atroam, mas não ferem. O pregar que é falar, faz-se com a boca; o pregar que é semear faz-se com a mão. Para falar ao vento, bastam palavras; para falar ao coração, são necessárias obras".
Padre Antônio Vieira

Forrest Gump Medal of Honor

Aristóteles | Hábito, Virtude e Vício

Habilidade: ler textos filosóficos de modo significativo

Ética a Nicômaco

Por conseguinte se existe uma finalidade para tudo o que fazemos, essa será o bem realizável mediante a ação; e, se há mais de uma, serão os bens realizáveis através dela. (...)
Já que, evidentemente, os fins são vários e nós escolhemos alguns dentre eles, segue-se que nem todos os fins são absolutos; mas o sumo bem é claramente algo de absoluto. Portanto, se só existe um fim absoluto, será o que estamos procurando; e, se existe mais de um, o mais absoluto de todos será o que buscamos. (...)
Ora, a felicidade é procurada sempre por si mesma e nunca com vistas em outra coisa, ao passo que à honra, ao prazer, à razão e a todas as virtudes nós de fato escolhemos por si mesmos (pois, ainda que nada resultasse daí, continuaríamos a escolher cada um deles); mas também os escolhemos no interesse da felicidade, pensando que a posse deles nos tornará felizes. A felicidade, todavia, ninguém a escolhe tendo em vista algum destes, nem, em geral, qualquer coisa que não seja ela própria. (...)
Como já vimos, há duas espécies de excelência: a intelectual e a moral. Em grande parte a excelência intelectual deve tanto o seu nascimento quanto o seu desenvolvimento à instrução (por isto ela requer experiência e tempo); quanto a excelência moral, ela é o produto do hábito, razão pela qual seu nome é derivado, com uma ligeira variação, da palavra “hábito”. É evidente, portanto, que nenhuma das várias formas de excelência moral se constitui em nós por natureza, pois nada que existe por natureza pode ser alterado pelo hábito. Por exemplo, a pedra, que por natureza se move para baixo, não pode ser habituada a mover-se para cima; tampouco o fogo pode ser habituado a mover-se para baixo, nem qualquer outra coisa que por natureza se comporta de certa maneira pode ser habituada a comportar-se de maneira diferente. Portanto, nem por natureza nem contrariamente à natureza a excelência moral é engendrada em nós, mas a natureza nos dá a capacidade de recebê-la, e esta capacidade se aperfeiçoa com o hábito. (...)
Logo, acontece o mesmo com as várias formas de excelência moral; na prática de atos em que temos de engajar-nos dentro de nossas relações com outras pessoas, tornamo-nos justos ou injustos; na prática de atos em situações perigosas, e adquirindo o hábito de sentir receio ou confiança, tornamo-nos corajosos ou covardes. O mesmo se aplica aos desejos e à ira; algumas pessoas se tornam moderadas e amáveis, enquanto outras se tornam concupiscentes ou irascíveis, por se comportarem de maneiras diferentes nas mesmas circunstâncias. Em uma palavra, nossas disposições morais resultam das atividades correspondem às diferenças entre nossas atividades. Não será pequena a diferença, então, se formarmos os hábitos de uma maneira ou de outra desde nossa infância; ao contrário, ela será muito grande, ou melhor, ela será decisiva. (...)
Devemos considerar agora o que é a virtude. Visto que na alma se encontram três espécies de coisas – paixões, faculdades e disposições de caráter -, a virtude deve pertencer a uma delas.
Por paixões entendo os apetites, a cólera, o medo, a audácia, a inveja, a alegria, a amizade, o ódio, o desejo, a emulação, a compaixão, e em geral os sentimentos que são acompanhados de prazer ou dor; por faculdades, as coisas em virtude das quais se diz que somos capazes de sentir tudo isso, ou seja, de nos irarmos, de magoar-nos, ou compadecer-nos; por disposições de caráter, as coisas em virtude das qual nossa posição com referência às paixões é boa ou má. Por exemplo, com referência à cólera, nossa posição é má se a sentimos de modo violento ou demasiada fraco, e boa se a sentimos moderadamente; e da mesma forma no que se relaciona com as outras paixões. (...)
Por conseguinte, se as virtudes não são paixões nem faculdades, só resta uma alternativa: a de que sejam disposições de caráter. (...)
Analogamente, no que tange às ações também existe excesso, carência e um meio-termo. Ora, a virtude diz respeito às paixões e ações em que o excesso é uma forma de erro, assim como a carência, ao passo que o meio-termo é uma forma de acerto digna de louvor; e acertar e ser louvada são características da virtude. Em conclusão, a virtude é uma espécie de mediania, já que como vimos ela põe a sua mira no meio-termo. (...)
A virtude é, pois, uma disposição de caráter relacionada com a escolha e consistente numa mediania, isto é, um justo meio relativo a nós, a qual é determinada por um princípio racional próprio do homem dotado de sabedoria prática (prudência / fronesis). E é um meio-termo entre dois vícios, um por excesso e outro por falta; pois que, enquanto os vícios ou vão muito longe ou ficam aquém do que é conveniente no tocante às ações e paixões, a virtude encontra e escolhe o meio-termo. (...)
Tanto a virtude como o vício está em nosso poder. Com efeito, sempre que está em nosso poder o fazer, também o está o não fazer, e sempre que está em nosso poder o não, também está o sim. (...)
Não deliberamos acerca de fins, mas a respeito de meios. (...)
Parece; pois, como já ficou dito, que o homem é um princípio motor de ações; ora, a deliberação gira em torno de coisas a serem feitas pelo próprio agente (...). Com efeito, o fim não pode ser objeto de deliberação, mas apenas o meio. (...)
É a mesma coisa aquela sobre que deliberamos e as que escolhemos, salvo estar o objeto de escolha já determinado, já que aquilo por que nos decidimos em resultado da deliberação é o objeto da escolha. (...)
Sendo, pois, o objeto de escolha uma coisa que está ao nosso alcance e que é desejada após deliberação, a escolha é um desejo deliberado de coisas que estão ao nosso alcance; porque, após decidir em resultado de uma deliberação, desejamos de acordo com o que deliberamos. (...)

Dicionário Filosófico

Eudemonismo (eudaimonia) – Doutrina moral segundo a qual o fim das ações humanas (individuais e coletivas) consiste na busca da felicidade através do exercício da virtude, a única a nos conduzir ao sumo bem.

Prudência (phronesis) – É a sabedoria prática, uma das virtudes intelectuais, aquilo que faz com que o homem seja capaz de deliberar ou escolher corretamente sobre o que é bom ou mau para si.

Virtude – é uma qualidade moral particular. Virtude é uma disposição estável em ordem a praticar o bem; revela mais do que uma simples potencialidade ou uma aptidão para uma determinada ação boa: trata-se de uma verdadeira inclinação. Virtudes são todos os hábitos constantes que levam o homem para o bem, quer como indivíduo, quer como espécie, quer pessoalmente, quer coletivamente. A virtude, no mais alto grau, é o conjunto de todas as qualidades essenciais que constituem o homem de bem. Virtude, segundo Aristóteles, é uma disposição adquirida de fazer o bem, e elas se aperfeiçoam com o hábito.

Vício – Em um sentido moral, o vício se opõe à virtude, e corresponde a uma falha ou falta moral habitual que leva o indivíduo a cometer delitos, a infringir princípios morais, exemplo: mentir é um vício. O vício pode ser entendido também como uma prática habitual moralmente condenável que impõe ao indivíduo uma conduta prejudicial à sua natureza. Exemplo: o vício da droga, o vício da bebida, etc.

Disposição: pode ser entendido como tendência, propensão, capacidade e assim por diante.

Habilidade: elaborar por escrito o que foi apropriado de modo reflexivo

1 – Qual é a finalidade para tudo o que fazemos e é procurada sempre por si mesma e nunca com vistas em outra coisa?
                (   ) a honra        (   ) a felicidade        (   ) a fama        (   ) o sucesso
2 – Quais são as duas espécies de excelência?
3 – Como podemos aperfeiçoar a excelência moral?
                (   ) com o hábito, praticando
                (   ) com o pensamento, meditando
4 – Assim, para tornarmos pessoas justas temos que praticar atos ____________________. Quando? (A)
Para sermos moderados temos que agir _________________________________. Como? (B)
Para sermos corajosos temos que agir __________________________. Quando? (C)
                (   ) em situações perigosas
                (   ) na convivência com outras pessoas
                (   ) comendo somente o necessário
5 – Para Aristóteles, a virtude pode ser exercitada?
                (   ) sim                                                  (   ) não
6 – Seria melhor, então, a partir de que fase da vida?
                (   ) infância
                (   ) adulta
                (   ) velhice
7 – Qual é a definição de virtude para Aristóteles?
8 – Relacione:
                (A) Vício                                 (   ) excesso ou escassez
                (B) Virtude                              (   ) justo meio
9 – Coloque na ordem correspondente:
                (1) Virtude            (2) Vício por excesso         (3) Vício por falta
                (   ) temeridade / (   ) coragem / (   ) covardia
                (   ) insensibilidade / (   ) libertinagem / (   ) temperança
                (   ) vaidade / (   ) modéstia / (   ) magnificência
                (   ) respeito próprio / (   ) vileza / (   ) vulgaridade
                (   ) irascibilidade / (   ) indiferença / (   ) gentileza
                (   ) ambição / (   ) indolência / (   ) prudência
                (   ) amizade / (   ) tédio / (   ) condescendência
                (   ) esbanjamento / (   ) liberalidade / (   ) avareza
10 – Nós podemos deliberar ou escolher, somente sobre:
                (   ) meios                                             (   ) fins
11 - (UEL) "Desde suas origens entre os filósofos da antiga Grécia, a Ética é um tipo de saber normativo, isto é, um saber que pretende orientar as ações dos seres humanos". Fonte: CORTINA, A.; MARTÍNEZ, E. Ética. Tradução de Silvana Cobucci Leite. São Paulo: Edições Loyola, 2000, p. 9.
Com base no texto e na compreensão da ética aristotélica, é correto afirmar que a ética:
a) Orienta-se pelo procedimento formal de regras universalizáveis, como meio de verificar a correção ética das normas de ação.
b) Adota a situação ideal de fala como condição para a fixação de princípios éticos básicos, a partir da negociação discursiva de regras a serem seguidas pelos envolvidos.
c) Pauta-se pela teleologia, indicando que o bem supremo do homem consiste em atividades que lhe sejam peculiares, buscando a sua realização de maneira excelente.
d) Contempla o hedonismo, indicando que o bem supremo a ser alcançado pelo homem reside na felicidade e esta consiste na realização plena dos prazeres.
e) Baseada no emotivismo, busca justificar a atitude ou o juízo ético mediante o recurso dos próprios sentimentos dos agentes, de forma a influir nas demais pessoas.

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