Wellington Sversut - Bauru - Brasil

Walter Benjamin - "aura" da arte

A obra de arte mantém sua “aura” em uma época de reprodutibilidade?

Filosofia da Arte ou Estética
Tema: a “aura” da obra de arte
Filósofo: Walter Benjamim (1892 – 1940)
Obra: A Obra de Arte na Época de sua Reprodução Técnica (1936)

Biografia

Walter Benjamin (1892 – 1940) foi um ensaísta, crítico literário, tradutor, filósofo e sociólogo judeu alemão.

Habilidade:
ler de modo filosófico textos de diferentes estruturas e registros


Beethoven - Concerto para Violino, Opus 61 - Heifetz (violinista)
(Em Long Play é impossível a reprodução, pois o 1º movimento tem 25'35" minutos)

Habilidade: ler textos filosóficos de modo significativo

A Obra de Arte na Época de sua Reprodução Técnica (1936)

À mais perfeita reprodução falta sempre algo: o hic et nunc (aqui e agora) da obra de arte, a unidade de sua presença no próprio local onde se encontra. É a esta presença única, no entanto, e só a ela que se acha vinculada toda a sua história. Falando de história, lembramo-nos também das alterações materiais que a obra pode sofrer de acordo com a sucessão de seus possuidores. O vestígio das alterações materiais só fica desvendado em virtude das análises físico-químicas, impossíveis de serem feitas numa reprodução; a fim de determinar as sucessivas mãos pelas quais passou a obra, deve-se seguir toda uma tradição, a partir do próprio local onde foi criada.
O hic et nunc do original constitui aquilo que se chama de sua autenticidade. Para se estabelecer a autenticidade de um bronze, torna-se, às vezes, necessário recorrer a análises químicas da sua pátina; para demonstrar a autenticidade de um manuscrito medieval é preciso, às vezes, determinar a sua real proveniência, de um depósito de arquivos do século XV. A própria noção de autenticidade não tem sentido para uma reprodução, seja técnica ou não. Mas, diante da reprodução feita pela mão do homem e, em princípio, considerada como uma falsificação, o original mantém a plena autoridade; não ocorre o mesmo no que concerne à reprodução técnica. E isto por dois motivos. De um lado, a reprodução técnica está mais independente do original. No caso da fotografia, é capaz de ressaltar aspectos do original que escapam ao olho e são apenas passíveis de serem apreendidos por uma objetiva que se desloque livremente a fim de obter diversos ângulos de visão; graças a métodos como a ampliação ou a desaceleração. Pode-se atingir a realidades ignoradas pela visão natural. Ao mesmo tempo, a técnica pode levar a reprodução de situações, onde o próprio original jamais seria encontrado. Sob a forma de fotografia ou de disco permite, sobretudo, a maior aproximação da obra ao espectador ou ao ouvinte. A catedral abandona sua localização real a fim de se situar no estúdio de um amador; o musicômano pode escutar a domicílio o coro executado numa sala de concerto ou ao ar livre.
(...)
O que caracteriza a autenticidade de uma coisa é tudo aquilo que ela contém e é originalmente transmissível, desde sua duração material até seu poder de testemunho histórico. Como este próprio testemunho baseia-se naquela duração, na hipótese da reprodução, onde o primeiro elemento (duração) escapa aos homens, o segundo – o testemunho histórico da coisa fica identicamente abalado. Nada demais certamente, mas o que fica assim abalado é a própria autoridade da coisa.
Poder-se-ia resumir todas essas falhas, recorrendo-se à noção de aura, e dizer: na época das técnicas de reprodução, o que é atingido na obra de arte é a sua aura. Esse processo tem valor de sintoma, sua significação vai além do terreno da arte. Seria impossível dizer, de modo geral, que as técnicas de reprodução separam o objeto reproduzido do âmbito da tradição. Multiplicando as cópias, elas transformam o evento produzido apenas uma vez num fenômeno de massas. Permitindo ao objeto reproduzido oferecer-se à visão e à audição, em quaisquer circunstâncias, conferem-lhe atualidade permanente. Esses dois processos conduzem a um abalo considerável da realidade transmitida – a um abalo da tradição, que se constitui na contrapartida da crise por que passa a humanidade e a sua renovação atual. Estão em estreita correlação com os movimentos de massa hoje produzidos. Seu agente mais eficaz é o cinema. Mesmo considerado sob forma mais positiva – e até precisamente sob essa forma, não se pode apreender a significação social do cinema, caso seja negligenciado o seu aspecto destrutivo e catártico: a liquidação do elemento tradicional dentro da herança cultural. Tal fenômeno é peculiarmente sensível nos grandes filmes históricos e quando Abel Gance, em 1927, bradava com entusiasmo:
“Shakespeare, Rembrandt, Beethoven farão cinema... Todas as legendas, toda mitologia e todos os mitos, todos os fundadores de religiões e todas as próprias religiões... aguardam sua ressurreição luminosa e os heróis se empurram diante das nossa portas para entrar”.
Convidava-nos, sem saber, a uma liquidação geral.

Dicionário Filosófico

Kitsch –  é um termo de origem alemã que é usado para categorizar objetos de valor estético distorcidos e/ou exagerados, que são considerados inferiores à sua cópia existente. São frequentemente associados à predileção do gosto mediano e pela pretensão de, fazendo uso de estereótipos e chavões que não são autênticos, tomar para si valores de uma tradição cultural privilegiada. A produção Kitsch surge para suprir a demanda de uma classe média em ascensão, que não conseguia entender e aceitar a arte de vanguarda, com suas propostas inovadoras, mas desejava participar do "universo da arte”. Esta parte da população não teve a sensibilidade artística educada e, portanto, não desenvolveu o gosto, mas queria parecer culta e apreciadora da arte, porque isto lhe conferia status social.

Habilidade: elaborar por escrito o que foi apropriado de modo reflexivo

http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/0/08/Leonardo_da_Vinci_%281452-1519%29_-_The_Last_Supper_%281495-1498%29.jpg
Acesso em: 5 de janeiro de 2012

1 – A Última Ceia” de Leonardo da Vinci corresponde ao primeiro parágrafo do texto de Benjamim? 
                (   ) sim                                  (   ) não
      Por quê?
2 – A obra de arte original mantém sua:
                (   ) autenticidade                   (   ) reprodução
3 – Quais são os dois motivos pelo qual o original mantém a plena autoridade diante da reprodução?
4 – Qual exemplo ele dá, nos dois casos?
5 – O que caracteriza a autenticidade de algo?
6 – Portanto, em nossa época das técnicas de reprodução, o que é atingido na obra de arte?
7 – Quando a indústria multiplica as cópias, elas transformam a arte produzida apenas uma vez num ________________ ___ ___________________.
8 – Quando a arte reproduzida oferecer-se à visão e à audição, em quaisquer circunstâncias, uma atualidade permanente, qual o abalo produzido?
9 – Qual arte é duramente criticada no último parágrafo e que nos levaria a uma liquidação geral?
10 - Pesquise uma imagem de "obra de arte" denominada Kitsch, conforme o exemplo:
"Última Ceia" em bordado
http://fioearte.blogspot.com/2009/04/quadros-da-santa-ceia.html
Acesso em: 5 de janeiro de 2012

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