Wellington Sversut - Bauru - Brasil

Leonardo da Vinci - técnica

É possível a pintura espelhar a natureza?

Filosofia da Arte ou Estética
Tema: a técnica
Filósofo: Leonardo da Vinci (1452 – 1519)
Obra: Tratado da Pintura

Biografia

Leonardo da Vinci, (1452 – 1519) foi um pintor, matemático, escultor, arquiteto, físico, engenheiro, poeta, cientista, botânico e músico do Renascimento italiano). É considerado um dos maiores gênios da história da Humanidade, embora não tivesse nenhuma formação na maioria dessas áreas, como na engenharia e na arquitetura.

Habilidade: ler de modo filosófico textos de diferentes estruturas e registros

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Acesso em 4 de janeiro de 2012

Habilidade: ler textos filosóficos de modo significativo

Tratado da Pintura

Tem um espelho que reflita ao mesmo tempo tua obra e teu modelo e julga dessa maneira. A pintura deve parecer uma coisa natural vista num grande espelho. O espírito do pintor deve ser semelhante ao espelho que se transforma na cor dos objetos e se enche de tanta semelhança quanto nelas existe, diante dele. Bom pintor, deves ser senhor de imitar com tua arte todas as formas que a Natureza produz e não poderás fazê-lo se não as guardares de cor. Quando quiseres ver se toda tua pintura está de acordo com o objeto natural, toma um espelho e fá-lo refletir o modelo vivo, comparando esse reflexo com a tua obra; bem verás se o original é conforme à cópia. E, acima de tudo, toma o espelho como mestre, pois no espelho uniforme os objetos projetam-se semelhantes em muitos pontos àquilo que são na pintura. Verás a pintura feita num plano representar as coisas que parecem em relevo, e o espelho, num plano, faz o mesmo: a pintura, como o espelho, é uma única superfície; ela é impalpável, como o reflexo, que parece redondo e brilhante e não pode ser contornado com as mãos, assim como a pintura; o espelho e o quadro mostram a similitude das coisas com suas sombras e luzes. E sabes que o espelho, por meio do contorno das sombras e suas luzes, mostra-te o objeto destacado e tendo, através das cores, luzes e sombras mais poderosas que as do espelho; se sabes combiná-las bem em conjunto, tu quadro parecerá uma coisa natural vista num grande espelho. (...)
A pintura representa para os sentidos as obras da natureza, com mais verdade e precisão que as palavras ou as letras. As letras tornam a palavra melhor que a pintura, mas nós, nós diríamos que é mais admirável a ciência que representa a obra da natureza do que a que oferece apenas a obra do homem, ou seja, a palavra, a poesia e outras mais, que passam através da linguagem humana. (...)
A pintura abraça as superfícies, as cores e as figuras de todas as coisas vistas, enquanto a filosofia penetra esses mesmos corpos para estudar as suas propriedades; mas ela não fica satisfeita como com a verdade desses corpos, pois o olho se engana menos que o espírito. (...)
O olho, através do qual a beleza do universo revela-se à nossa contemplação, é de tal excelência, que alguém que se resignasse a perdê-lo estaria privado de conhecer todas as obras da natureza cuja visão faz a alma estar contente na prisão do corpo; graças aos olhos, que lhe representam a infinita variedade da criação: quem os perde abandona essa alma numa prisão obscura, na qual acaba a esperança de rever o sol, luz do universo. (...)
O pintor quer ver uma beleza que o encante e é capaz de criá-la; e se agrada-lhe invocar monstros medonhos ou cenas histriônicas e risíveis e ainda outras tocantes, disso ele é senhor e deus; e se quer criar lugares desolados ou cantos densos e sombreados no tempo quente ou então recantos quentes quando o tempo é frio. Se quer descobrir vales ou altos picos de montanhas, perceber uma grande planície ou então o mar no horizonte, ele é capaz, como também de perceber pequenos vales e altas montanhas ou de seu cimo contemplar os vales e as praias. Com efeito, o que está no universo por essência, frequência e imaginação deve primeiro estar no espírito do pintor e em seguida nas suas mãos; e estas são de uma excelência tal, que geram uma proporção harmônica ao mesmo tempo que um único olhar cinge o objeto. Os amantes voltam-se para o retrato do objeto amado como se falassem à pintura que o representa; povos demonstram seu fervor procurando as imagens dos deuses e não os livros dos poetas onde, com palavras, esses, mesmos deuses são representados; os próprios animais enganam-se vendo uma pintura.

Dicionário Filosófico

Técnica – Conjunto de regras práticas ou procedimentos adotados em um ofício de modo a se obter os resultados visados. Habilidade prática. Recursos utilizados no desempenho de uma atividade prática.

Habilidade: elaborar por escrito o que foi apropriado de modo reflexivo

1 – A pintura, no quadro, é uma única superfície; ela é impalpável, como o reflexo. Qual objeto mostra esta similitude?
2 – Segundo Leonardo, o bom pintor deve ser capaz de imitar com sua arte todas as formas que a natureza produz. Ele diz, ainda, que o original (natureza) deverá ser conforme a cópia (pintura).
                (   ) verdadeiro                     (   ) falso
3 – Para os nossos sentidos quem representa melhor as obras da natureza?
                (   ) as palavras                    (   ) a pintura
4 – A pintura representa a natureza e a filosofia suas propriedades. Na busca da verdade quem se engana mais?
                (   ) o olho (pintura)              (   ) o espírito (filosofia)
5 – Na sequência, qual órgão sensorial Leonardo dá mais importância para a contemplação da beleza do universo?
6 – Quem perde este sentido acima acaba com a esperança de rever a luz do universo. O que é esta luz?
7 – Na parte final do texto Leonardo descreve a capacidade do pintor e suas criações. Qual faculdade do intelecto o artista desenvolve para criar tais paisagens ou cenários?
                (   ) o juízo                            (   ) a razão
                (   ) a memória                       (   ) a imaginação
8 – Escreva a frase do texto que corresponde a imagem abaixo:



9 – Qual filósofo grego também considerava a pintura como imitação da natureza? Porém, para ele toda  criação era uma imitação, até mesmo a criação do mundo era uma imitação da natureza verdadeira (o Mundo das Ideias ou Formas). Sendo assim, a representação artística do mundo físico seria uma imitação de segunda mão.
Era o filósofo ________________________________.
10 – Qual a diferença entre os dois, então?
                (   ) Na possibilidade de educação através da imitação
                (   ) Na possibilidade de conhecimento através da imitação
                (   ) Na possibilidade de emanação/participação através da imitação

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