Wellington Sversut - Bauru - Brasil

Kant - iluminismo

O que é ser uma pessoa esclarecida?

Filosofia Política
Tema: o iluminismo
Filósofo: Kant (1724 – 1804)
Obra: Resposta à pergunta “O que é Esclarecimento?” (Aufklärung) (1784)

Biografia

Immanuel Kant (1724 – 1804) foi um filósofo alemão, geralmente considerado como o último grande filósofo dos princípios da era moderna, indiscutivelmente um dos seus pensadores mais influentes.

Habilidade: ler de modo filosófico textos de diferentes estruturas e registros


Os Burgueses de Calais - Rodin
http://www.flickr.com/photos/dietaydeporte/3977757111/sizes/o/in/photostream/ 
Acesso em: 29 de janeiro de 2012

Habilidade: ler textos filosóficos de modo significativo

O Que é Esclarecimento? (1784)

Esclarecimento é saída do homem de sua menoridade, da qual ele próprio é culpado. A menoridade é a incapacidade de fazer uso de seu entendimento sem a direção de outro indivíduo. O homem é o próprio culpado dessa menoridade se a causa dela não se encontra na falta de entendimento, mas na falta de decisão e coragem de servir-se de si mesmo sem a direção de outrem. Sapere aude! (ouse saber) Tem coragem de fazer uso de teu próprio entendimento, tal é o lema do esclarecimento.
A preguiça e a covardia são as causas pelas quais uma tão grande parte dos homens, depois que a natureza de há muito os libertou de uma direção estranha, continuem, no entanto de bom grado menores durante toda a vida. São também as causas que explicam por que é tão fácil que os outros se constituam em tutores deles. É tão cômodo ser menor. Se tenho um livro que faz às vezes de meu entendimento, um diretor espiritual que por mim tem consciência, um médico que por mim decide a respeito de minha dieta, etc., então não preciso esforçar-me eu mesmo. Não tenho necessidade de pensar, quando posso simplesmente pagar; outros se encarregarão em meu lugar dos negócios desagradáveis. A imensa maioria da humanidade (inclusive todo o belo sexo) considera a passagem à maioridade difícil e além da mais perigosa, porque aqueles tutores de bom grado tomaram a seu cargo a supervisão dela. Depois de terem primeiramente embrutecido seu gado doméstico e preservado cuidadosamente estas tranquilas criaturas a fim de não ousarem dar um passo fora do caminho para aprender a andar, no qual as encerravam, mostram-lhes em seguida o perigo que as ameaça se tentar andar sozinhas. Ora, este perigo na verdade não é tão grande, pois aprenderiam muito bem a andar finalmente, depois de algumas quedas. Basta um exemplo deste tipo para tornar tímido o indivíduo e atemorizá-lo em geral para não fazer outras tentativas no futuro.
É difícil, portanto para um homem em particular desvencilhar-se da menoridade que para ele se tornou quase uma natureza. Chegou mesmo a criar amor a ela, sendo por ora realmente incapaz de utilizar sei próprio entendimento, porque nunca o deixaram fazer a tentativa de assim proceder. Preceitos e fórmulas, estes instrumentos mecânicos do uso racional, ou antes, do abuso de seus dons naturais, são os grilhões de uma perpétua menoridade. Quem deles se livrasse só seria capaz de dar um salto inseguro mesmo sobre o mais estreito fosso, porque não está habituado a este movimento livre. Por isso são muito poucos aqueles que conseguiram, pela transformação do próprio espírito, emergir da menoridade e empreender então uma marcha segura.
Que, porém um público s esclareça a si mesmo é perfeitamente possível; mais que isso, se lhe for dada a liberdade, é quase inevitável. Pois encontrar-se-ão sempre alguns indivíduos capazes de pensamento próprio, até entre os tutores estabelecidos da grande massa, que, depois de terem sacudido de si mesmos o jugo da menoridade, espalharão em redor de si o espírito de uma avaliação racional do próprio valor e da vocação de cada homem em pensar por si mesmo. O interessante neste caso é que o público, que anteriormente foi conduzido por eles a este jugo, obriga-os daí em diante a permanecer sob ele, quando é levado a se rebelar por alguns de seus tutores ou predecessores destes. Por isso, um público só muito lentamente pode chegar ao esclarecimento. Uma revolução poderá talvez realizar a queda do despotismo pessoal ou da opressão ávida de lucros ou de domínios, porém nunca produzirá a verdadeira reforma do modo de pensar. Apenas novos preconceitos, assim como os velhos, servirão como cintas para conduzir a grande massa destituída de pensamento. Para este esclarecimento, porém nada mais se exige senão liberdade. E a mais inofensiva entre tudo aquilo que se possa chamar liberdade, a saber: a de fazer uso público de sua razão em todas as questões.

Dicionário Filosófico

Iluminismo – caracteriza-se pela defesa na ciência e da racionalidade crítica, contra a fé, a superstição e o dogma religioso.

Habilidade: elaborar por escrito o que foi apropriado de modo reflexivo

1 – O que é "Esclarecimento"?
2 – O que é "menoridade"?
3 – Quem é o culpado desta "menoridade"?
4 – Quais as causas pela qual uma tão grande parte dos homens continue menor durante toda a vida? Coloque (V) para as verdadeiras ou (F) para as falsas.
       (   ) falta de decisão        (   ) falta de coragem        (   ) preguiça        (   ) covardia
5 – Qual é o lema do "esclarecimento"?
6 – Cite os três exemplos que Kant dá para assuntos onde nós não fazemos uso de nossa própria razão e até pagamos pra isto.
7 – Para nós é ____________ (fácil/difícil) sair da menoridade. Porque nós ______________ (gostamos/odiamos) em ser menores. Portanto, somente ____________ (alguns/todos) sairão da menoridade.
8 – O que é preciso, então, para sairmos da menoridade?
                (   ) transformar o nosso espírito; utilizar o próprio entendimento
                (   ) transformar o espírito do povo; utilizar o entendimento dos doutores
9 – Em uma palavra o que se exige para que um público se esclareça?
10 – Dê um exemplo de como nós podemos "fazer uso público da razão em todas as questões" atualmente?
11 - ENEM - Kant destaca no texto o conceito de esclarecimento, fundamental para a compreensão do contexto filosófico da Modernidade. Esclarecimento, no sentido empregado por Kant, representa...
a) a reivindicação de autonomia da capacidade racional como expressão da maioridade.
b) o exercício da racionalidade como pressuposto menor diante das verdades eternas.
c) a imposição de verdades matemáticas, com caráter objetivo, de forma heterônoma.
d) a compreensão de verdades religiosas que libertam o homem da falta de entendimento.
e) a emancipação da subjetividade humana de ideologias produzidas pela própria razão.

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